CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE BENS CULTURAIS

30 agosto 2011

Patrimoni en imatges - Pelotas/RS

Prefeitura municipal de Pelotas/RS

FUNDADA ASSOCIAÇÃO DAS CIDADES HISTÓRICAS DO RIO GRANDE DO SUL

CAÇAPAVA DO SUL FOI SEDE DO ENCONTRO

    Nos dias 16 e 17 de Março de 2011, no salão de eventos do hotel Karlton, em Caçapava do Sul estiveram reunidos representantes de 10 cidades inseridas no PAC-CH para a Fundação e Aprovação do Estatuto da Associação das Cidades Históricas do Rio Grande do Sul (ACHRS).
   Além do anfitrião prefeito Zauri Tiaraju de Castro estiveram presentes o prefeito de Jaguarão e os vice-prefeitos de São Miguel das Missões e de São Nicolau, além de gestores públicos dos municípios de Caçapava do Sul, Jaguarão, Bagé, Novo Hamburgo, Pelotas, Piratini, Porto Alegre, e Rio Grande. Os representantes dos municípios de Antonio Prado e General Câmara, não estiveram presentes, no entanto manifestaram seu apoio a associação.
O evento também contou com a presença (durantes os dois dias) de Anderson Cabido (Presidente da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais e Prefeito de congonhas, MG) apoiando e contribuindo com sua experiência.
   Também participaram do Encontro: a Superintendente da 12ª SR - IPHAN (Ana Meia), o diretor do IPAHE (Eduardo Hann), a diretora do Campus da Unipampa de Jaguarão (Maria de Fátima Ribeiro) e a representante do Comitê da Transversalidade do Governo Estadual (Brenda Spindola).
    Conforme a assessora de projetos especiais da prefeitura de Caçapava do Sul (Claudia Uessler) o objetivo dessa Associação é de que haja uma maior integração e agilidade na busca de recursos - tanto técnicos como financeiros, para a preservação e promoção do patrimônio cultural e o desenvolvimento turístico local.

FONTE: DRa. CLAUDIA UESSLER

Pelotas estará representada no Encontro das Cidades Históricas

   
   A Secretaria de Cultura local (Secult) estará representada, em Juazeiro do Norte, Ceará, por ocasião da realização do 4º Encontro Nacional de Cidades Históricas e Turísticas. Para tanto, o Superintendente de Cultura, Mogar Pagana Xavier, desloca-se ao Nordeste com o objetivo de apresentar a experiência do município com relação ao tema.
   O Encontro realiza-se entre os dias 1º e 3 de setembro, no Memorial Padre Cícero, e contará com a presença do ministro do Turismo, Pedro Novais, que presidirá a cerimônia de abertura.
   A 3ª edição do Encontro foi realizada no ano passado na cidade de Belém (PA) e reuniu representantes de pelo menos 35 cidades históricas e turísticas, possibilitando a discussão de estratégias conjuntas de enfrentamentos dos problemas do setor.

"Será de 1 a 3 de setembro, em Juazeiro do Norte, o IV Encontro das Cidades Históricas e Turísticas e IV Encontro do Grupo de Trabalho do Turismo Religioso. A prefeitura, através da Secretaria de Turismo e Romarias, está empenhada no sentido de recepcionar e garantir aos participantes de todo o Brasil uma saudável acolhida. Além disso, a infraestrutura necessária para o evento no Memorial Padre Cícero com a chancela do Ministério do Turismo. Este ano o evento será realizado simultaneamente com o GT de Turismo Religioso numa deferência especial ao Juazeiro por conta dos 100 anos de emancipação política e o fato de se constituir um dos principais pólos de romarias do Brasil. Vários temas serão debatidos e um deles é a criação da Associação das Cidades Históricas e Turísticas, mas a programação ainda está sendo definida. Trata-se de uma entidade jurídica destinada à defesa dos interesses das cidades históricas e turísticas com todo o apoio do IPHAN. (Demontier Tenório)"

28 agosto 2011

Museu Munch - Oslo/Noruega

  Munchmuseet ou Museu Munch é um museu de arte situado em Oslo, albergando obras de Edvard Munch, deixadas em testamento à comuna de Oslo em 1940. O museu abriu as portas ao público em 1963, cem anos após o nascimento do pintor mundialmente famoso.
O edifício situa-se em Tøyengata, no bairro de Tøyen oriental de Oslo e foi concebido pelos arquitectos Gunnar Fougner e Einar Myklebust. Este último foi também o arquitecto responsável pela remodelação e reabilitação do edifício levada a cabo em 1994, cinquenta anos após a morte de Munch.
  Inicialmente, o museu foi financiado com os lucros obtidos pelos cinemas municipais de Oslo. Mais recentemente, foi financiado pela empresa japonesa Idemitsu Kosan co. Ltd. Em 2005, o museu foi parcialmente reconstruído, para aumentar a sua segurança, na sequência dos roubos de "O grito" e de "Madonna", em 2004.
  Actualmente, o museu compreende um espaço para exposições, espaços para fotografia e conservação de pinturas, escritórios, uma biblioteca e salas de estar. Possui ainda um salão utilizado para exposições, concertos, peças de teatro e projecção de filmes, uma loja de recordações e um café.
  O testamento de Edvard Munch doou à comuna de Oslo cerca de 1100 pinturas, 15500 impressões com 700 motivos, 4700 esboços e seis esculturas. A doação incluiu ainda 2240 livros, blocos de notas, documentos, fotografias, instrumentos de trabalho e móveis. A sua irmã viria também a doar diversas obras ao museu, datando algumas delas da década de 1880.
  Esta e outras doações permitiram que hoje se encontre neste museu bastante mais de metade da obra de Munch. Dadas a vastidão das obras e as limitações de espaço, os quadros expostos vão variando, existindo um grande acervo guardado em armazém, para exposição futura.


  
O grito Edvard Munch
 Uma das principais obras de Edvard Munch foi "O grito" (no original Skrik), datada de 1893. A obra representa uma figura andrógena num momento de profunda angústia e desespero existencial. O pano de fundo é a doca de Oslofjord (em Oslo) ao pôr-do-Sol. O Grito é considerado como uma das obras mais importantes do movimento expressionista e adquiriu um estatuto de ícone cultural, a par da Mona Lisa de Leonardo da Vinci.


Rethalhado: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Formação Profissional do Restaurador por Régis Eduardo Martins[1]

  A especialização profissional é um dos quesitos principais para o êxito de uma restauração. Por caracterizar-se como uma intervenção direta sobre o bem cultural, o restauro deve ser considerado a última das ações a serem realizadas, sendo sempre precedidas por medidas de preservação ou conservação que não impliquem em interferências propriamente ditas sobre a matéria que constitui o objeto. Somente depois de constatadas a impossibilidade de tais medidas garantirem a proteção do imóvel deve-se realizar a restauração, definindo-a segundo os princípios apresentados por KUHL (2005)[i]:

- Distinguibilidade: pois a restauração (que é vinculada às ciências históricas) não propõe o tempo como reversível e não pode induzir o observador ao engano de confundir a intervenção ou eventuais acréscimos com o que existia anteriormente, além de dever documentar a si própria.
- Reversibilidade: pois a restauração não deve impedir, tem, antes, de facilitar qualquer intervenção futura; portanto, não pode alterar a obra em sua substância, devendo-se inserir com propriedade e de modo respeitoso em relação ao preexistente.
- Mínima intervenção: pois a restauração não pode desnaturar o documento histórico nem a obra como imagem figurada.

  Os princípios da distinguibilidade, da reversibilidade e da mínima intervenção visam garantir que o restauro seja realizado segundo um processo metodológico, desenvolvido com intuito de permitir a transmissão do bem cultural às futuras gerações sem suprimir ou alterar as marcas do tempo sobre o mesmo.
De acordo com BRANDI (2004)[ii], o restauro é "o momento metodológico do reconhecimento da obra de arte, na sua consistência física e na sua dúplice polaridade estética e histórica, com vistas à sua transmissão ao futuro". Assim, as intervenções realizadas devem ser identificáveis como uma marca distinta da época que a produziu, sem que se reduza a restauração a uma mera recomposição estética ou que se produza um falso histórico a partir dela.
  A elaboração e a execução de um projeto de restauração para edifícios é um processo de bastante complexidade que envolve fatores exógenos ao bem cultural em si. Não basta apenas um diagnóstico preciso do estado de conservação do imóvel, mas antes de tudo, qualquer ação é definida a partir de um estudo particular de cada caso, onde a intervenção que será estipulada é analisada em referência às diversas implicações relacionadas com todo o contexto cultural, histórico e espacial que o cerca.
Cada etapa que envolve um projeto de restauro analisa a constituição do bem segundo sua historicidade; suas características arquitetônicas, originais ou acrescentadas; sua inserção no meio urbano ou rural; os materiais utilizados; além de outros pontos importantes, sob os quais irão definirem-se as medidas de conservação e restauração a serem realizadas. Tais questões são descritas na Carta de Restauro de 1972[iii] concebida na Itália, discorrendo-se da seguinte forma:

  A realização do projeto para a restauração de uma obra arquitetônica deverá ser precedida de um exaustivo estudo sobre o monumento, elaborado de diversos pontos de vista (que estabeleçam a análise de sua posição no contexto territorial ou no tecido urbano, dos aspectos tipológicos, das elevações e qualidades formais, dos sistemas e caracteres construtivos, etc), relativos à obra original, assim como aos eventuais acréscimos ou modificações. Parte integrante desse estudo serão pesquisas bibliográficas, iconográficas e arquivísticas, etc., para obter todos os dados históricos possíveis. O projeto se baseará em uma completa observação gráfica e fotográfica, interpretada também sob o aspecto metrológico, dos traçados reguladores e dos sistemas proporcionais e compreenderá um cuidadoso estudo específico para a verificação das condições de estabilidade. (CURY, 2004, p. 157)

  Não menos criteriosa é a ação da obra de restauro em si, tratado na mesma Carta com os dizeres a seguir:

  A execução dos trabalhos pertinentes à restauração dos monumentos, que quase sempre consiste em operações delicadíssimas e sempre de grande responsabilidade, deverá ser confiada a empresas especializadas e, quando possível, executada sob orçamento e não sob empreitada. (CURY, 2004, p. 157)

O conhecimento e a familiaridade com as características construtivas e arquitetônicas da edificação são pontos fundamentais para o profissional da restauração. A falta de formação adequada redunda em intervenções equivocadas que, geralmente, implicam em consideráveis perdas na autenticidade[2] do bem cultural. Diante da complexidade que envolve tais ações, assim trata o Compromisso de Brasília de 1970[iv]:

  O problema da recuperação e restauração de monumentos [...] é extremamente complexo [...] porque depende de técnicos qualificados, cuja a formação é demorada e difícil, pois requer, além de tirocínio de obras e de familiaridade com os processos construtivos antigos, sensibilidade artística, conhecimentos históricos, acuidade investigadora, capacidade de organização, iniciativa e comando e, ainda, finalmente desprendimento. (CURY, 2004, p. 141)

  Durante o séc. XX, motivados pelas diversas conferências realizadas em prol da preservação do patrimônio cultural, o restauro foi amplamente discutido na Europa, definindo-se metodologias e critérios específicos para a realização das intervenções. A especialização dos profissionais da área foi deliberada como um dos principais quesitos para o êxito na proteção dos monumentos e conjuntos urbanos.
No Brasil, as ações voltadas para a especialização profissional na preservação do patrimônio edificado delinearam-se efetivamente após os anos 70, quando surgiram os primeiros cursos regulares nessa área. No entanto, a formação de restauradores de bens imóveis em nível superior se dá em sua grande maioria através de pós-graduações, como as existentes no Cecre[3] na Bahia, no Ceci[4] em Pernambuco, no Cecor[5] em Minas Gerais e em linhas de mestrado oferecidas por universidades. Somente em 2007 foi criada a primeira graduação específica para o restauro arquitetônico, através do curso de Tecnologia em Conservação e Restauro ofertado pelo IFMG[6]. Para a capacitação de mestres de ofícios, como são conhecidos os profissionais que executam as intervenções, existe cursos como os disponibilizados em diversas oficinas escolas de artes e ofícios existentes no país.

Referências Bibliográficas

[1] Pós-Graduando em Gestão do Patrimônio Histórico e Cultural pela UFMG. Tecnólogo em Conservação e Restauro pelo Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Ouro Preto.
[2] “Os edifícios e lugares são objetos materiais, portadores de uma mensagem ou de um argumento cuja validade, no quadro de um contexto social e cultural determinado e de sua compreensão e aceitação pela comunidade, os converte em um patrimônio. Poderíamos dizer, com base neste princípio, que nos encontramos diante de um bem autêntico quando há correspondência entre o objeto e seu significado.” (CURY, 2004, p.325-326)
[3] Curso de Especialização em Conservação e Restauração de Monumentos e Conjuntos Históricos/UFBA.
[4] Centro de Conservação Integrada.
[5] Centro de Conservação/Restauração de Bens Culturais/UFMG.
[6] Instituto Federal de Minas Gerais.


[i] KUHL, Beatriz Mugayar. História e Ética na Conservação e na Restauração de Monumentos Históricos. Revista CPC, 2005, v. 1, n. 1. Disponível em
http://www.usp.br/cpc/v1/php/wf07_revista_interna.php?id_revista=2&id–conteudo=6&tipo=5> Acesso em 01/10/2010.

[ii] BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração. Cotia: Ateliê, 2004, p. 30.

[iii] Carta de Restauro, 1972. In: CURY, Isabelle. INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO NACIONAL (BRASIL). Cartas patrimoniais. 3.ed., rev. e aum. Brasília: IPHAN, 2004. p. 147-169. (Edições do patrimônio).

[iv] Compromisso de Brasília, 1970. In: CURY, Isabelle. INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO NACIONAL (BRASIL). Cartas patrimoniais. 3.ed., rev. e aum. Brasília: IPHAN, 2004. p. 137-141. (Edições do patrimônio).

Carta de Brasília, 1995. In: CURY, Isabelle. INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO NACIONAL (BRASIL). Cartas patrimoniais. 3.ed., rev. e aum. Brasília: IPHAN, 2004. p. 323-328. (Edições do patrimônio).

27 agosto 2011

O papel japonês na conservação e restauro

Dentre os vários usos do WASHI, destaca-se a importância que ele exerce nos procedimentos de conservação e restauro de acervos históricos, principalmente de livros, documentos e obras de arte.

Quando pensamos em preservação de bens culturais ou mesmo de acervos familiares, não podemos pensar a curto prazo. Nosso alvo deve ser no mínimo 100 anos.

Portanto todos os materiais envolvidos no tratamento de conservação e restauro devem ser quimicamente estáveis e resistentes. Chamamos estes materiais de "materiais de qualidade arquivística".

O uso de papéis japoneses e de colas adequadas são procedimentos simples mas ao mesmo tempo importantes para a perpetuação da vida dos acervos documentais.

 
PAPEL OCIDENTAL:
Obtido através de processo contínuo de fabricação em massa com o uso de fibras de celulose, principalmente de madeira, de baixa qualidade e custo.


As qualidades do papel ocidental atendem ás exigências do mercado a que ele se destina, mas pouco uso tem na área de conservação e restauro de documentos históricos. As fibras são curtas e o processo de fabricação utiliza químicos nocivos ao suporte papel dos livros, documentos e obras de arte.

Características: É feito de fibras curtas, de baixa qualidade; é quimicamente instável; tem baixa durabilidade e resistência (fibras curtas); tem opacidade e não apresenta Ph neutro.

PAPEL ORIENTAL:
O WASHI, por sua vez, é obtido por processo manual e com utilização de fibras vegetais muito longas, feito folha a folha, com ingredientes estáveis de alta qualidade. Sua alta resistência atende a uma das necessidades mais requeridas pelos restauradores e conservadores. As fibras vegetais mais utilizadas na fabricação do papel japonês são o KOZO, MITSUMATA, e GAMPI.

O tipo de processo de obtenção, o peso da tradição, a nobreza das fibras, as qualidades do papel justificam as diferenças de custo de um tipo para o outro.

TV R.CULT: Etapas da produção de papel



Abaixo Processo de fabrico do papel feito pelo "Discovery Chanel" no programa "Como Fazem Isso". Gravado em portugal na fábrica da Soporcel na Figueira da Foz.

26 agosto 2011

LEIA ONLINE: O olhar Renascente - Pintura e Experiência Social da Itália da Renascença BAXANDALL, Michael.

   
  Um livro que procura decifrar os elementos que contribuíram para o "olhar" próprio do renascimento - a cultura, a mentalidade coletiva e a sociedade situada neste momento preciso da história - e que foram responsáveis por uma produção pictural inigualável.

Leia e nos diga o que acho desta obra!
Para ler click sobre a foto acima.

25 agosto 2011

NA MIRA DO RESTAURO: Estação férrea de Pelotas/RS

  Localizada no Largo de Portugal, foi construída em 1884, para servir à linha ferroviária Rio Grande – Pelotas – Bagé (tripé porto-charque-gado), foi implantada graças ao empenho do conselheiro Gaspar Silveira Martins.
  O prédio possui um salão principal onde temos a bilheteria e o acesso ao pátio dos trens. À esquerda funcionava a administração e, à direita, o setor de saúde ocupacional. O prédio possui 15 cômodos e no andar superior se encontra a residência do agente. Foi construída com três portas centrais, marquise de vidro, mansardas com oito janelas água-furtada, platibanda com balaústres de cimento, frontão central trabalhado, pinhas nas esquinas do telhado e das platibandas do andar superior.
  Foi inaugurada em 02 de dezembro de 1884, segundo jornal da época, "de forma fria e constrangedora", pois estava marcada apenas uma rápida parada dos trens na estação de Pelotas, o que foi reprovado pela comunidade que achou melhor não prestigiar os atos de inauguração. Mas, ao longo da ferrovia, houve muitas comemorações. A implantação da ferrovia e construção da estação repercutiu fortemente no desenvolvimento e no crescimento urbano de Pelotas. Logo se tratou da criação de uma rede viária capaz de ligar a estação ao resto da cidade, o que induziu o crescimento em direção ao "largo da estação".
Por volta de 1930, foram construídas duas laterais com porta e janelas, iguais para cada lado, mas sem mansardas, das quais foram retiradas as janelas, assim como as pinhas. A plataforma de embarque e desembarque é protegida por longa cobertura, estruturada a partir de "mãos-francesas" de ferro. O velho sino e o relógio, com duas faces, uma para dentro do saguão e outra para a plataforma de embarque, são originais no saguão de entrada (hoje foram retirados). A partir de janeiro de 1998, o imóvel foi abandonado, depredado e até incendiado. Hoje permanece assim, à espera de algum tipo de investimento que o recupere.











ACIMA: (esquerda) O pátio da estação, com o prédio ao fundo,no centro, em 1985. (direita) A mesma cena em 2007. O abandono após 22 anos é claríssimo (Fotos Alfredo Rodrigues).
 
                 Nota:
"O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) oficializou a cessão da estação férrea ao município de Pelotas, durante cerimônia realizada no salão nobre da prefeitura. Na mesma data, o prefeito Adolfo Antonio Fetter e o procurador da República Mauro Cichowiski dos Santos assinaram o Termo de Destinação de Verbas Judiciais para a Restauração e Instalação do PROCON e do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador no prédio. O prédio da Estação Férrea de Pelotas é tombado pela lei municipal nº 4.315 de 22 de Setembro de 1998 e inventariado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphe). Atualmente há um projeto que visa a requalificação do prédio e do seu entorno, em busca de abrigar o Centro de Referências em Saúde do Trabalho Macrorregião Sul (Cerest) e o PROCOM. O projeto propõe a revitalização completa do prédio.
  O projeto de Recuperação e Reciclagem da Estação Férrea de Pelotas, desenvolvido pelas secretarias de Gestão Urbana (SGU) e Cultura e aprovado pelo Iphan, prevê a demolição e remoção das interferências não originais e a restauração das características tipológicas do conjunto. Além de restaurar totalmente importante símbolo da memória dos belgas, construtores da malha ferroviária, proporcionará mais espaço para as atividades do Procon e do Cerest e amplo estacionamento. O projeto está estimado em cerca de R$ 1,5 milhão – proveniente do Ministério Público Federal (MPF) e do Cerest -, mas Xavier esclarece que o valor pode mudar, uma vez que depende das variações de preços."

1884 – Estação de Pelotas na época de sua inauguração. Foto cedida por Wanderley Duck

1969 – Ainda com movimento de locomotivas a vapor. Foto cedida por Antonio A. Gorni



2003 – As duas fotos acima já mostra a estação totalmente abandonada. Foto Rodrigo Cabredo


"Depois de tantos carnavais, descaso e destruição a sociedade Pelotense aguarda um desfecho digno a sua estação ferroviária!! Esperamos que o mais breve possível."

 Agradescimentos pela matéria:
 Alexandra Viana;Andréia Conceição;Bruna Cardoso;Cintia Silva;Daniela Pierobom.
 *http://www.defender.org.br/pelotasrs-estacao-ferrea-tem-nova-destinacao
 *http://www.estacoesferroviarias.com.br/rs_bage_riogrande/pelotas.htm

17 agosto 2011

Palestra: ICONOLOGIA – CIÊNCIA E IMAGINAÇÃO - UFPEL - PELOTAS/RS

Nesta sexta-feira dia 19 de agosto às 14:30h será proferida palestra sobre Iconologia e Iconografia pelo Prof. Dr. Francisco Marshall (UFRGS). O evento, que é  gratuito, será no auditório do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo – MALG e tem organização da profa. Me. Luíza Carvalho.
ICONOLOGIA – CIÊNCIA E IMAGINAÇÃO
A partir da obra de Aby Warburg (1866-1929), fundou-se nova escola de história da arte e de interpretação da visualidade, a Iconologia. Narrativa de imagens, a Iconologia oferece métodos, repertórios temáticos e questões de história da cultura ao estudo de acervos visuais. Nesta conferência, veremos na gênese desta escola a rica relação entre ciência e imaginação, e as possibilidades contemporâneas da Iconologia, em seus cruzamentos com a semiótica, a história da arte e a história cultural.
Francisco Marshall: Licenciado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1988) e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1996), Francisco Marshall realizou pós-doutorado na Princeton University (NJ, EUA, 1998), como bolsista Capes-Fulbright, convidado de Peter Brown, e na Ruprecht-Karls-Universität Heidelberg (Alemanha, 2008-9), como bolsista da Fundação Alexander von Humboldt. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando no Depto. e PPG História (IFCH) e no PPG Artes Visuais (IA). Tem experiência nas áreas de História e de Arqueologia Clássica, com ênfase em História Antiga e Medieval, atuando principalmente em história antiga, arqueologia clássica, museologia, iconologia, estudos do imaginário e história da cultura.
APOIO: Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural e Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo.
Serviço:
Evento: Palestra com o Prof. Dr. Francisco Marshall (UFRGS) sobre Iconologia e Iconografia.
Local:  Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo – MALG
Dia: 19/08/2011
Horário: 14:30h

INSCRIÇÃO PELO TELEFONE (53) 32223209

16 agosto 2011

Pesquisa da UFPel resgata memória das Carruagens fúnebres em Pelotas/RS

    Terra dos charqueadores, da cultura e dos casarões. Pelotas. Princesa do Sul. Cidade que agora resgata o passado com a restauração dos prédios históricos. As carruagens fúnebres também são parte importante deste processo. Até a década de 70, do século 20, estes carros, ricos em adornos, ainda faziam o cortejo dos mortos até o campo santo.
    A história da arte funerária de Pelotas não está apenas nos cemitérios e nas marmorarias, também pode ser encontrada nestas carruagens ou antigos carros fúnebres, um branco e outro preto, que eram utilizadas pelas famílias mais abastadas da cidade para o cortejo até o cemitério São Francisco de Paula, onde seriam sepultados os seus mortos.
   Com a finalidade de resgatar a memória das carruagens fúnebres e parte da história da sociedade pelotense, a formanda do curso de Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis, do Instituto de Ciências Humanas, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Luciane dos Santos Machado, desenvolve o trabalho de conclusão de curso sobre o tema A presença de iconografia maçônica nos ornatos das carruagens fúnebres de Pelotas, com a orientação da professora Luíza Fabiana Neitzke de Carvalho.
Saiba mais sobre o trabalho de Luciane, o projeto de Restauro de Peças do Acervo Sacro do Museu da Baronesa e muito mais, na matéria especial completa que está na edição impressa do Diário Popular desta terça-feira (16/8/2011).

Por: Jussara Lautenschläger
jussara@diariopopular.com.br

11 agosto 2011

O papel do Conservador/restaurador na sociedade

    O profissional que trabalha com a conservação e restauração de bens culturais pode realizar processos muitas vezes irreversíveis, como é o caso da retirada de retoques não originais em pinturas, que seriam posteriores as pinceladas feitas originalmente pelo próprio artista que a executou. O conservador/restaurador pode trabalhar com obras sobre papel, tela, madeira, metais, materiais pétreos e cerâmicos, dentro de um grande número de possibilidades, no que diz respeito a técnicas, processos e materiais, não limitando a sua atuação somente sobre obras de arte, mas também se voltando para bens arqueológicos, livros e documentos, e outros tipos de bens culturais.
     Para a realização da atividade de conservação e restauração, pode-se afirmar que é preciso conhecer de forma ampla as obras de arte e demais tipos de bens patrimoniais, na integridade do seu valor cultural. Cabe ao conservador/restaurador (re)conhecer as características físicas de uma determinado bem cultural, desde a sua tecnologia de construção, aos materiais e técnicas que o constituem, além do próprio estado do conservação da peça e de suas possíveis causas de deterioração. Somente de posse desses dados é que o conservador/restaurador se vê possibilitado para determinar um tratamento de conservação, ou mesmo de restauração.
    A formação do conservador/restaurador deve ser suficientemente ampla, a ponto de torná-lo apto para avaliar uma peça a ser trabalhada, em suas diferentes especificidades ou aspectos,tais como suas dimensões: material, técnica, formal, estilística e iconográfica. O conservador/restaurador deve avaliar o estado de conservação de uma peça e reconhecer as causas da sua deterioração, para que no momento em que tem a autonomia para estabelecer os critérios de uma intervenção de restauro, por exemplo, possa utilizar um conhecimento teórico-prático coerente com o exercício destes procedimentos.
    É recorrente o conservador/restaurador partir de seus conhecimentos específicos, em direção as questões da História da Arte, da Biologia, da Química, da Física, e de outras áreas do conhecimento. Dada a complexidade em que muitas vezes se depara um profissional da área da conservação, por conta de casos graves de falta de conservação de determinado bem cultural, pode ser necessário avaliar aprofundadamente uma peça, utilizando exames laboratoriais, ou realizando uma análise estilística, chegando mesmo a casos em que é necessária uma equipe com profissionais de diferentes áreas para efetuação de um trabalho verdadeiramente interdisciplinar.

10 agosto 2011

Por que preservar, conservar e restaurar?

O texto é parte do Caderno do Professor, do Calendário Museológico produzido
pela Superintendência de Museus do Estado de Minas Gerais, em 2005,
para o trabalho de difusão cultural junto às escolas públicas e particulares do estado.


Gilca Flores de Medeiros
A importância de conservar um objeto que consideramos parte de um patrimônio está no fato deste se constituir registro material da cultura, da expressão artística, da foram de pensar e sentir de uma comunidade em determinada época e lugar, um registro de sua história, dos saberes, das técnicas e instrumentos que utilizava.
Para termos esse registro da cultura é imprescindível a existência de um suporte material, como um objeto, uma construção ou um documento. Mesmo em relação aos bens intangíveis – como tradições orais, festas folclóricas, etc. – é necessário que sejam registrados em algum material: fotos, vídeos, cd e outros. Esses suportes, embora não sejam os bens culturais em si, guardarão seu registro e necessitarão ser igualmente preservados.
O profissional conservador/restaurador atua em três níveis: o da preservação, o da conservação e o da restauração. Somente uma ação integrada poderá oferecer resultados verdadeiros e duradouros, uma vez que de nada adianta, por exemplo, restaurar o interior de uma igreja sem que se consertem as falhas do telhado ou se realizem ações de conscientização da comunidade para reduzir o número de atos de vandalismo.
Para avaliar as condições de uma obra e atuar direta ou indiretamente, em sua preservação/conservação/restauração, o conservador-restaurador deve ter conhecimento de diversas áreas, como História, Física, Química, Artes, Biologia e Geografia, dentre outras e, muitas vezes, trabalhará ao lado de profissionais dessas áreas, já que a interdisciplinaridade torna-se cada vez mais necessária neste campo de atuação.

Preservação, Conservação e Restauração
A Preservação engloba, de maneira mais ampla, todas as ações que beneficiam a manutenção do bem cultural. Se tomarmos como exemplo uma imagem barroca, podemos considerar ações de preservação até mesmo as leis criadas para garantir a integridade do patrimônio, os mecanismos para viabilizar a realização de projetos de restauração, o cuidado com o meio ambiente que circunda o local ou ações como o desvio do trânsito para evitar a trepidação do prédio onde a obra se encontra. Enfim, todas as ações que colaboram para garantir a integridade do bem que se deseja preservar.
A ação de Conservação, embora possa realizar-se diretamente na matéria do objeto, não se limita a ela. A conservação visa interromper os processos de deterioração, conferindo estabilidade à obra. Para esse fim, atua sobre os aspectos que cercam e
influenciam a conservação do objeto, controlando os agentes que podem provocar a deterioração do bem cultural, como os biológicos (cupins, fungos, etc.), atmosféricos (temperatura e umidade), luz (natural, artificial), poluentes e o ser humano (manuseio, acondicionamento e transporte inadequados, vandalismos e roubo). Ao atuar diretamente na obra, enfocará a estabilidade da peça a ser conservada, buscando resolver seus problemas estruturais e recuperando sua integridade.
A Restauração atua sobre um objeto buscando não apenas conferir-lhe estabilidade, mas recuperar, o mais possível, as informações nele contidas. Imagine que, ao ser realizada, uma escultura possua cem por cento das informações nela contidas: sua aparência (cores, forma, textura, brilho), seus materiais constitutivos, etc. Com o passar do tempo, ou pro condições inadequadas de conservação, ou ainda, por atos de vandalismos, a obra pode ter perdido parte de sua matéria ou pintura. Neste caso, a ação de conservação buscará cessar as causas de deterioração e procurará dar estabilidade à obra, enquanto que a restauração irá mais além, buscando aproximar, o mais possível, a obra, estrutural e esteticamente, da ‘quantidade inicial de informações’.
Todo trabalho de restauração deve basear-se em referências contidas na própria obra ou, em alguns casos, em documentação segura sobre a mesma. O respeito ao original é fundamental e delineia os limites das intervenções. Algumas vezes o nível de deterioração de um bem cultural chega a um ponto tão grave, que inviabiliza sua recuperação estética, por falta de referências sobre as quais realizar o trabalho de restauração. O ideal é que todo bem cultural seja mantido em boas condições de conservação, para que não chegue a necessitar de restauração.

Nosso Patrimônio
Mas não é só o patrimônio artístico e histórico que merece cuidado. Todos nós temos à nossa volta um patrimônio que conta nossa história. Se olharmos com atenção em nossa casa, reconheceremos nosso patrimônio familiar: fotos que registram a história da família, objetos, documentos, hábitos, tradições e saberes.
Um instrumento usado por nosso avô, o diploma de nossa formatura, a foto daquele aniversário, um postal que recebemos de um amigo ou a foto de parentes que nem chegamos a conhecer, são exemplos de recordações de vida de nossa família e merecem ser preservados. Para isso, guardamos as fotos em um álbum, cuidamos de não dobrar ou amassar o diploma, limpamos periodicamente os objetos. A preservação desses objetos é a preservação da memória de nossa família e nos permitirá contá-la aos que virão.
A escola também é um patrimônio que precisa ser preservado: o prédio, as carteiras, os livros, etc. O conhecimento contido em um livro é o resultado do trabalho de muitas pessoas, que pesquisaram, desenvolveram teorias e métodos, a fim de facilitar a transmissão do conhecimento.
E quanta coisa os livros nos ensinam! Pequenos cuidados na hora de retirá-los da estante (não puxá-los pela borda superior, mas afastar os livros vizinhos, segurar o livro com firmeza e retirá-lo), ao manuseá-los (não umedecer os dedos com saliva,
não rabiscar ou dobrar páginas) podem significar muito na conservação desse objeto tão precioso. Também a imagem do prédio de uma escola revela muito sobre os valores e o comportamento da comunidade na qual está inserido. O cuidado com as carteiras e salas de aulas pode refletir o grau de identificação e envolvimento dos alunos com sua escola. A mesma atenção devem receber os arquivos da escola e o material que será produzido nas atividades propostas pelo calendário.
É mais fácil compreendermos uma idéia ampla se a assimilamos em nosso cotidiano, nas pequenas coisas. A importância de se preservar o patrimônio que vemos nos museus tem o mesmo significado da preservação de nosso patrimônio familiar e comunitário, apenas com sentido mais ampliado: essas instituições guardam bens significativos para uma cidade, um país ou toda a humanidade.

03 agosto 2011

Ministério Público Federal quer paralisação das obras do Maracanã

O Ministério Público Federal entrou nesta segunda-feira na Justiça com uma ação civil pública pedindo a paralisação imediata das obras de reforma da marquise do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, no Rio de Janeiro. A ação solicita ainda a reconstrução da marquise antiga, que está sendo demolida.
O Ministério Público pede que a Justiça aplique uma multa diária de R$ 500 mil caso a Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) continuem com a obra. Outra multa diária, de R$ 1 milhão, é solicitada caso a marquise não seja reconstruída.
O Ministério Público baseia a ação no fato de que o Maracanã ser tombado pelo Iphan em 2000, o que impediria modificações radicais, como as que estão sendo feitas para a Copa do Mundo de 2014.
O procurador Maurício Andreiuolo, autor da ação, também quer que o Iphan e a Emop reedifiquem as partes já demolidas com a adequação da obra à preservação da marquise – sob pena de multa diária de R$ 1 milhão. Caso não seja possível a reconstrução por questões técnicas, o MPF pede que seja construída nova marquise similar à atual com a condição de efeito suspensivo caso a obra não atenda às especificações do bem tombado.

Para o Ministério Público, obras no Maracanã descaracterizam estádio tombado pelo Iphan
Para o Ministério Público, obras no Maracanã descaracterizam estádio tombado pelo Iphan

A Emop informou, por meio da assessoria de imprensa, que ainda não foi notificada sobre a ação do Ministério Público. Já o Iphan, que autorizou as modificações no Maracanã, discorda do MPF.
Segundo a assessoria de imprensa do instituto, o Maracanã não foi tombado pela arquitetura, mas pela importância etnográfica, isto é, por ser palco de uma manifestação cultural brasileira. Sendo assim, não há motivo para impedir as mudanças no estádio, por mais radicais que sejam.
Para o Iphan, as alterações do estádio são importantes para que ele continue sendo usado pela população e, assim, justifique seu tombamento etnográfico. A assessoria de imprensa do órgão lembra que já foram feitas outras modificações importantes no estádio em anos anteriores, como o fim da geral e a colocação de cadeiras nas arquibancadas.

Rethalhado de http://www.jb.com.br
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