CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE BENS CULTURAIS

13 maio 2011

Capelas no Sul podem desabar - RS




O Cristo na cruz está solitário no altar, isolado dos santos por uma faixa. Em Pelotas, com a nave central interditada desde 2009, um dos últimos templos construídos por portugueses no Estado ameaça desabar. Na vizinha Rio Grande, outro recanto da fé escapou da demolição, por enquanto.
Nos prédios centenários da Beneficência Portuguesa das duas cidades, as capelas São Pedro e Bom Jesus Crucificado aguardam por salvação.
Locais de súplicas aos santos, as capelas dos hospitais tentam sobreviver. A de Rio Grande encontrou um salvador no Ministério Público. Uma ação cautelar manteve, por enquanto, a estrutura em pé. Fechada há quase 11 anos, a Beneficência Portuguesa teve parte do prédio vendida. Segundo o promotor José Zachia Alan, o novo proprietário teria interesse em demolir a capela. A ação prevê multa de R$ 100 mil caso a decisão seja descumprida.
– Antes de demolir é preciso fazer um estudo para que não se corra o risco de perder um importante patrimônio. Em uma semana queremos concluir essa avaliação – explica o promotor.
Já em Pelotas, o milagre pretendido é o da multiplicação das finanças. Datada do final do século 19, a Capela São Pedro tem importância histórica reconhecida. Falta o dinheiro para recuperar forro, piso e abóbada.
– Aguardamos um orçamento, mas o restauro pode passar de R$ 500 mil. Estamos apreensivos, pois a capela pode desabar a qualquer momento. Vai ser preciso apoio da comunidade – afirma Francisco José Leal Serra, presidente da Beneficência Portuguesa do município.

Os templos
- Capela São Pedro – Pelotas
Precisa de reparos na abóboda, forro e piso. Custo estimado da reforma é de R$ 500 mil
- Capela Bom Jesus Crucificado – Rio Grande
Sua situação está na Justiça. Parte do prédio, onde fica a capela, foi vendido. Segundo o MP, o proprietário teria interesse em demolir. O MP aguarda estudo para atestar o valor histórico da capela

Religiosidade representada
A sacristia da Capela São Pedro virou depósito de imagens, algumas centenárias, oriundas de Portugal.
– As imagens são de uma beleza rara. É uma das capelas mais belas que eu já conheci – assegura o padre Reges Brasil, 62 anos, que morou quatro anos em Roma.
Doutora em história, a professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Larissa Patron Chaves estudou a formação das Sociedades Portuguesas de Beneficência no Estado. Ela reconhece a importância do templo pelotense:
– A capela marca a representação do ideário católico, a religiosidade portuguesa.
Apesar da estrutura condenada, as celebrações continuam, aos sábados, às 17h, em um altar improvisado, em uma das naves laterais da capela.
– Os fiéis não desistem. A capela precisa ser recuperada – diz o padre Severino Frizzo.

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