CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE BENS CULTURAIS

14 junho 2013

Inovação em Conservação "Você pode pensar em uma maneira melhor para revolucionar a conservação?"

Criatividade consiste em grande parte de rearranjar o que sabemos, a fim de descobrir o que não sabemos ... Assim, para pensar criativamente, devemos ser capazes de olhar de novo para o que normalmente tomam por concedido.
Robert Fisher



  Quinze anos atrás, quando eu estava estudando conservação na universidade uma das coisas que eu mais gostei foi descobrir novos dispositivos e aparelhos e descobrir como eles podem ser úteis no meu trabalho. Eu costumava procurar ansiosamente catálogos de equipamentos em vários campos, tentando encontrar novos usos para essas "ferramentas de aparência estranha". Olhando para trás, percebo agora que eu, basicamente, uso as mesmas ferramentas antigas, sinto um pouco de decepção pela falta de inovação no nosso campo.
   Eu não estou dizendo que nada mudou na conservação. Estou bem ciente do enorme avanço que a ciência trouxe para o nosso campo, como melhores técnicas analíticas e de imagem digital. No entanto, estes têm sido, como sempre, emprestado de outros campos, como a física e a indústria  química. Quando pensamos em inovação na conservação, o mais recente equipamento científico vem a mente, mas na verdade para o nosso trabalho prático e imediato, as ferramentas que precisamos são muito mais simples.
  No nosso dia-a-dia de treinos nos encontramos, utilizando as metodologias mais conhecidas, porque sentimos que elas são os mais seguras. Podemos estar trabalhando contra o relógio, preso em uma rotina diária, apenas movendo sem pensar muito. Eu acho que é mais uma questão cultural nossa, sendo usuários em vez de fabricantes e, como em todos os assuntos culturais, isto também pode ser alterado. Veja o exemplo de Jeff Peachey, encadernador e conservador privado, que é um dos poucos profissionais que eu conheço que gosta de inventar. Se o conservador praticando vai mudar a sua mentalidade para encontrar uma maneira melhor de fazer o mesmo trabalho, então temos que definir o caminho para a inovação. Inovação não depende a última moda tecnológica ou no acesso a equipamentos científicos caros. A inovação não precisa ser high-tech. Ela só tem que servir a um propósito de uma maneira melhor do que antes.
  Um exemplo de referência para o nosso campo pode ser que do Movimento Makers (fabricantes). Este movimento está surgindo a partir da cultura do-it-yourself (faça você mesmo), mas longe de ser simples amadores, estes fabricantes transformar suas idéias em realidade, às vezes com um propósito comercial, mas na maioria das vezes para a diversão de trazer ao mundo algo físico que imaginou. Eles podem literalmente criar qualquer objeto, desde o mais ridículo ao mais interessante. A clara vantagem dessa cultura é que eles são movidos pela criatividade e objetivos, não apenas por aquilo que eles aprenderam como nós, conservadores, muitas vezes são.
  Este movimento foi recentemente chamado de "nova revolução industrial", porque tem poderes do indivíduo com a capacidade de produzir o que até bem pouco tempo era apenas o poder de fábricas. Tomemos, por exemplo, o caso das impressoras 3D: como impressoras 2D revolucionou a editoração eletrônica, assim será impressoras 3D mudar para sempre a forma como criamos objetos. Você já imaginou o seu potencial para a conservação? Ou olhar para tecnologias muito menos complexas, como o Dino-Lite (http://www.dinolite.com.br/ ), o famoso microscópio portátil digital.
  Apesar de suas limitações, é muito útil em nosso campo, mas se você pensar sobre isso, você vai perceber que tecnologicamente é muito básico, não muito longe de um simples brinquedo: uma webcam, uma lente de plástico e alguns LEDs. Todos estes são baratos peças off-the-shelf que podem ser facilmente montados para se tornar uma ferramenta de grande utilidade.
  Claro, eu não espero que deve vir tudo com grandes invenções, mas apenas prestar um pouco mais atenção às coisas que fazemos diariamente e tentar melhorá-las. Nem todas as invenções são necessariamente tecnológica: encontrar uma maneira de reduzir o desperdício, para tornar a conservação mais respeitadora do ambiente, para desenvolver melhores bisturis ou melhor morteiros já seria de grande ajuda. Por último, mas não menos importante, quando você descobre alguma coisa, certifique-se de compartilhá-la com o mundo, dar esse passo que contribui para o avanço do nosso campo.
  E imaginem, podemos adotar e implementar esta forma inovadora de pensar em nossas universidades, começando com a primeira fase de nossas carreiras. Você pode pensar em uma maneira melhor para revolucionar a conservação?

Rui Bordalo,
Redator-chefe
* Tradução do editorial da revista e-conservation (texto original: http://www.econservationline.
com/content/view/1090 ).



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