Cesare Brandi (1906-1988) é um dos principais nomes do restauro moderno. Em 1966 escreveu a Teoria da restauração, obra baseada nas diretrizes da Carta de Atenas, muitas vezes classificada como um texto teórico e pouco prático.
Os teóricos do século XIX e início do XX se empenharam em classificar o que deve ou não deve ser restaurado com o objetivo de evitar que as intervenções pudessem causar mais danos do que o próprio tempo. Pensavam o restauro como uma ciência exata, com regras e métodos cientificamente determinados, prevalecendo o caráter histórico das obras.
Após a Segunda Guerra Mundial, diversos monumentos foram destruídos. Nesse contexto, Brandi teve grande destaque, participando do restauro de inúmeras obras de arte; diante da falta de sistematização de procedimentos, começou a pensar no que seria sua Teoria da restauração, com o objetivo de delimitar regras que embasassem a prática do restaurador.
Diante de tamanha destruição, o caráter artístico não pôde mais ser colocado em segundo plano, já que a fruição da obra-de-arte está relacionada à observação de sua imagem figurativa somada ao caráter histórico. É este aspecto que diferencia a obra-de-arte de outros produtos da ação humana. Brandi afirmava que “restaura-se somente a matéria da obra-dearte” (BRANDI, 2004, p. 31), já que o restaurador só atuará nesse nível e uma obra se manifesta por meio da matéria que, por sua vez, é o que degrada.
Conhecendo o objeto já em estado deteriorado, não é possível ter certeza de como havia sido quando novo, sendo necessária uma intervenção baseada no estado em que se encontra quando restaurado e não no que se pensa ter sido seu “estado original”, o que levaria o espectador a incorrer em um erro de interpretação. Brandi chamou isso de “falso histórico”. Para Brandi, “(...) a restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da obra-de-arte, desde que isso seja possível, sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra-de-arte no tempo” (BRANDI, 2004, p. 33). Segundo suas teorias, as intervenções deveriam se guiar por uma crítica de valor em relação ao significado histórico do objeto, limitada pelo estado físico em que se encontra a obra-de-arte e sustentada por um vasto conhecimento técnico, estilístico, filosófico e histórico, não podendo depender do gosto particular do restaurador. Ele estabeleceu ainda que as intervenções deveriam tornar os acréscimos facilmente reconhecíveis, mesmo para um leigo, e que fossem reversíveis, permitindo sua retirada em caso de uma eventual intervenção futura.
A principal marca da obra de Brandi é o rigor crítico-cultural que situa o ato de restauro como responsável pelas futuras interpretações estilísticas e históricas da obra-de-arte. Se for executada sem critérios, a restauração pode causar danos à obra que irão perpetuar-se por várias gerações.
A partir dessas teorias, a preservação do patrimônio cultural, em suas diversas formas e aspectos, consolidou seu espaço na sociedade contemporânea, contribuindo para a democratização no acesso e na fruição da cultura.
Por CHRISTIANA ARRUDA LEE DA ROCHA em Monografia "O LIVRO COMO OBRA-DE-ARTE:
CRITÉRIOS TEÓRICOS PARA CONSERVAÇÃO DE OBRAS RARAS" - http://www.bn.br/portal/arquivos/pdf/ChristianaRocha.pdf - Rio de Janeiro / Brasil 2008
Os teóricos do século XIX e início do XX se empenharam em classificar o que deve ou não deve ser restaurado com o objetivo de evitar que as intervenções pudessem causar mais danos do que o próprio tempo. Pensavam o restauro como uma ciência exata, com regras e métodos cientificamente determinados, prevalecendo o caráter histórico das obras.
Após a Segunda Guerra Mundial, diversos monumentos foram destruídos. Nesse contexto, Brandi teve grande destaque, participando do restauro de inúmeras obras de arte; diante da falta de sistematização de procedimentos, começou a pensar no que seria sua Teoria da restauração, com o objetivo de delimitar regras que embasassem a prática do restaurador.
Diante de tamanha destruição, o caráter artístico não pôde mais ser colocado em segundo plano, já que a fruição da obra-de-arte está relacionada à observação de sua imagem figurativa somada ao caráter histórico. É este aspecto que diferencia a obra-de-arte de outros produtos da ação humana. Brandi afirmava que “restaura-se somente a matéria da obra-dearte” (BRANDI, 2004, p. 31), já que o restaurador só atuará nesse nível e uma obra se manifesta por meio da matéria que, por sua vez, é o que degrada.
Conhecendo o objeto já em estado deteriorado, não é possível ter certeza de como havia sido quando novo, sendo necessária uma intervenção baseada no estado em que se encontra quando restaurado e não no que se pensa ter sido seu “estado original”, o que levaria o espectador a incorrer em um erro de interpretação. Brandi chamou isso de “falso histórico”. Para Brandi, “(...) a restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da obra-de-arte, desde que isso seja possível, sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra-de-arte no tempo” (BRANDI, 2004, p. 33). Segundo suas teorias, as intervenções deveriam se guiar por uma crítica de valor em relação ao significado histórico do objeto, limitada pelo estado físico em que se encontra a obra-de-arte e sustentada por um vasto conhecimento técnico, estilístico, filosófico e histórico, não podendo depender do gosto particular do restaurador. Ele estabeleceu ainda que as intervenções deveriam tornar os acréscimos facilmente reconhecíveis, mesmo para um leigo, e que fossem reversíveis, permitindo sua retirada em caso de uma eventual intervenção futura.
A principal marca da obra de Brandi é o rigor crítico-cultural que situa o ato de restauro como responsável pelas futuras interpretações estilísticas e históricas da obra-de-arte. Se for executada sem critérios, a restauração pode causar danos à obra que irão perpetuar-se por várias gerações.
A partir dessas teorias, a preservação do patrimônio cultural, em suas diversas formas e aspectos, consolidou seu espaço na sociedade contemporânea, contribuindo para a democratização no acesso e na fruição da cultura.
Por CHRISTIANA ARRUDA LEE DA ROCHA em Monografia "O LIVRO COMO OBRA-DE-ARTE:
CRITÉRIOS TEÓRICOS PARA CONSERVAÇÃO DE OBRAS RARAS" - http://www.bn.br/portal/arquivos/pdf/ChristianaRocha.pdf - Rio de Janeiro / Brasil 2008
10 comentários:
muiobg!!vlw!!
odiei cada palavra.
Que texto maravilhoso. Consegui entender tudo que não entendi lendo Brandi. Sensacional!
Deu para perceber o que ele pensava a cerca da restauração de patrimónios históricos. valeu muito pela postagem..
Até a palavra "Fruição"? O.o
Texto aparentemente completo e compreensível, me ajudou bastante.
Achei brandi um gato
Fiquei em êxtase depois de ler essas palavras, acho que não vou mais dormir!
Me chama de monumento e vem me restaurar
Extremamente repetitivo , tradução ao pé da letra ! Amo restauração mas odiei esse livro ! 😬
Postar um comentário